"o humano é reduzido ao nível das bestas". Esse pequeno trecho da página 14 de um dos famosos textos de Pierre Levy, CIBERCULTURA, anteviu o que logo aconteceria. O grotesco cenário rompeu a atenção da minha cotidiana leitura de ônibus. E como não notar? Era mais um Jõao Estatística da Silva que morria enquanto sua cabeça era esmagada pelos pés de outros tantos Joãos. Por que? Porque ele escolheu a cor errada, a camisa errada, o dia errado, o sexo errado, a religião errada; porque suas opiniões deveriam ser plasmadas afim de preservar a manutenção da soberania dos macacos. Mas o maior problema da morte do João, cujo sangue agora rega "as flores nas encostas" do asfalto desta cidade, é que ele não morreu sozinho. João levou consigo mais um pouco de minha atenção (Nestes dias não vai me restar mais nada) e deixou o gosto de seu sangue em minha garganta. O gosto do sangue de João tem gosto diferente de tudo que já provei. É uma mistura de impotência e omissão, Sabe? É... João devia ser um cara legal. Não sei se era esperto. Bem, de uma coisa eu tenho certeza: se a sabedoria de um homem fosse mensurada pelo sangue que lhe entorna, João deveria ser esperto pra burro. Mas os burros não precisam de espertalhões, não é mesmo? Isto é uma merda! Não sei onde parei em meu Levy. Já sei! Parei na "aceitação"...
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
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2 comentários:
Como assim? Você presenciou uma morte no asfalto?
E conseguiu juntar isso com o trecho do Lévy e escrever este post?
Uau.
(menina gauche)
Meu caro, grato pela visita ao Balaio. Pois é, aqui estou. E concorrdo com as palavras da Menina Gauche. Um abraço.
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